(Conto russo recontado por Christa Glass)
Era uma vez um pai coelho de Páscoa e uma mãe coelha de Páscoa que tinham sete filhos. Ao aproximar-se a época da Páscoa, eles resolveram testar os coelhinhos para ver qual deles era o verdadeiro “coelho de Páscoa”.
A mãe pegou uma cesta com sete ovos e pediu para que cada filho
escolhesse um para esconder.
O mais velho pegou o ovo dourado e saiu correndo por campos e montes até
chegar ao portão da escola, mas deu então um salto tão grande e tão apressado
que caiu de mau jeito quebrando o ovo. Esse não era o verdadeiro coelho de
Páscoa.
O segundo escolheu o ovo prateado e pôs-se a caminho. Ao passar pelos
campos encontrou a raposa. Esta queria comer o ovo e pediu-o ao Coelho. Ele não
lhe quis dar. A raposa prometeu-lhe então uma moeda de ouro, conseguindo assim
que o coelho a seguisse até sua toca. Chegando lá, a raposa escondeu o ovo e,
com cara feia, mostrou os dentes como se quisesse comer o assustado coelhinho
que saiu correndo o mais que pôde. Esse também não era o coelho de Páscoa.
O terceiro escolheu o ovo vermelho e pôs-se a caminho. Ao atravessar o
campo encontrou-se com outro coelho e pensou: “Ainda tenho muito tempo. Vou
lutar um pouco com ele”. Os dois coelhos lutaram e rolaram tanto pelo chão que
amassaram o ovo. Também esse não era o verdadeiro coelho de Páscoa.
O quarto pegou o ovo verde e pôs-se a caminho. Quando passava pela
floresta ouviu o chamado da Pega* que, pousada no galho de uma árvore,
gritava: “Cuidado! A raposa vem vindo!”. O coelho assustado olhou à sua volta
procurando um lugar para esconder o ovo.
- “Dá-me o ovo que eu o esconderei em meu ninho”, disse a Pega. O coelho
deu-lhe o ovo mas, percebendo que não havia raposa alguma quis o ovo de volta.
A Pega respondeu maldosamente: ”O ovo está muito bem guardado no meu ninho. Vem
buscá-lo se quiseres”. Esse também não era o verdadeiro coelho de Páscoa.
O próximo escolheu o ovo cinzento. Quando ia andando pelo caminho chegou
a um riacho. Ao passar pela ponte viu-se espelhado nas águas. Ficou tão
encantado com sua própria imagem que se descuidou do ovo indo este se espatifar
numa pedra. Esse também não era o coelho de Páscoa.
O outro coelhinho escolheu o ovo de chocolate e pôs-se a caminho.
Encontrou-se com o esquilo que lhe pediu para dar uma lambida no ovo. - “Mas
este ovo é para as crianças”, disse o coelho. O esquilo insistiu tanto que o coelho deixou que ele desse uma lambida
no ovo. O esquilo achou-o tão gostoso que o coelhinho resolveu dar também uma
lambidinha. Lambida vai, lambida vem, os dois acabaram comendo o ovo. Esse
também não era o coelho de Páscoa.
Chegou então a vez do mais jovem. Ele escolheu o ovo azul. Quando passou
pelo campo, veio-lhe ao encontro a raposa, mas o coelho não entrou na conversa
dela e continuou o seu caminho. Mais adiante encontrou o outro coelhinho que
queria lutar com ele, mas ele não parou. Continuou caminhando até chegar à floresta.
Ouviu os gritos da pega - “Cuidado! A raposa vem vindo!”. O coelho não se
deixou enganar e continuou seu caminho. Chegou então ao riacho e cuidadosamente
atravessou a ponte sem olhar para sua imagem refletida na água. Encontrou-se
mais adiante com o esquilo mas não lhe permitiu lamber o ovo, pois este era
para as crianças.
Chegou assim até o portão da escola. Deu um salto nem curto nem longo
demais, chegando ao outro lado sem danificar o ovo. Procurou um esconderijo
adequado no jardim da escola onde guardou cuidadosamente o ovo. Esse era o
verdadeiro “Coelho de Páscoa”!
* Ave que vive na Europa e que leva objetos cintilantes para seu ninho